13/12/2019
CÂMARA E SINDIPETRO SE MOBILIZAM PELA PERMANÊNCIA DA PETROBRAS EM SÃO MATEUS A Câmara de Vereadores de São Mateus e o Sindicato dos Petroleiros – Sindipetro – ES realizaram na noite de quinta-feira (12), no plenário do Legislativo, audiência pública para discutir com a sociedade a importância da permanência da Petrobras na cidade e a política de preços dos combustíveis. A audiência foi requerida pela vereadora Jaciara Teixeira, após o Sindipetro alertar que a Petrobras já teria confirmado decisão de fechar a sede administrativa da estatal em São Mateus, gradativamente, até o final de 2020. “O fechamento desta Base vai causar um impacto muito grande no nosso município. No momento em que a gente tem a possibilidade de perder uma empresa, isso é muito preocupante. Vai vir o desemprego, a queda da receita do município, a economia sendo afetada. Neste momento, além do apoio político, nós precisamos do apoio das pessoas. A gente precisa fazer alguma coisa para mobilizar”, disse Jaciara. Desmobilização da Base 61 Para tentar impedir a desmobilização da Base 61, ficou estabelecida a criação da “Frente pela Permanência da Petrobras, movimento contra o fechamento da estrutura da estatal em São Mateus. O fechamento, segundo a entidade sindical, foi informado na última terça-feira (10) pelo gerente-geral da Unidade Operacional da Bahia. Mobilização e direitos Como anfitrião do evento, o presidente da Câmara Jorge Recla alertou para o fato de empreiteiras retirarem do plano de saúde as famílias dos trabalhadores. Recla também defendeu a mobilização. “A Petrobrás é um patrimônio da nossa cidade, não se pode simplesmente vir aqui e dizer que vai fechar, sem antes discutir com a sociedade mateense. A gente entende que a Petrobrás é o pilar da economia do nosso município, foi aqui o primeiro poço de petróleo perfurado no Espírito Santo. Não pode fazer o que a antiga Aracruz Celulose fez, explorou, sugou e deixou problemas sociais para a nossa cidade, que enfrentamos até hoje. Nós não vamos aceitar a retirada da base nem a retirada de direito dos funcionários”. “A saída da Petrobras da Bahia, do Espírito Santo, dos campos terrestres é meramente política. É uma gestão que está refém de acionistas, do mercado internacional. A importância dessa empresa para São Mateus não se mede. E, infelizmente, pode acontecer da população se dar conta disso e lá na frente pode ser tarde demais”, alertou o diretor do Sindipetro Valnisio Hoffman, que fez parte da mesa de honra ao lado de Jorge Recla e Jaciara. Palestras e interação O público, formado em sua maioria por representantes sindicais e petroleiros, assistiu a três palestras e interagiu no final com perguntas e opiniões. Membro Honorário da Associação dos Engenheiros da Petrobras, o economista Cláudio da Costa Oliveira abriu a rodada de palestras, falando sobre a política de preços e o desempenho econômico da estatal. “No balanço da empresa de setembro de 2015, um número me chamou atenção, o caixa da Petrobras era de 25 bilhões de dólares. Nenhuma empresa no mundo mantém um fundo de caixa como a Petrobras, e ela está quebrada? A liquidez corrente é maior que da Chevron e Esso, principais petroleiras americanas”. Segundo a diretoria de comunicação do Sindipetro-ES, a decisão de fechamento da Base 61 deverá impactar, diretamente, 800 famílias, entre profissionais e fornecedores da estatal. Hoje, pelo menos 26 empresas prestam serviços diretos para a Petrobras. Já indiretamente, a entidade de classe calcula que os reflexos podem ser ainda maiores, atingindo 2 mil famílias que atuam em setores do comércio e de serviços na cidade e no entorno. Privatização Para a bióloga Priscila Costa Patricio, diretora de SMS da Federação Única dos Petroleiros e diretora de comunicação do Sindipetro, o cenário que está se desenhando é o da privatização dos campos terrestres. “Tudo isso gera um impacto em toda a cadeia produtiva, essa freada que a Petrobras deu para privatizar. Vai causar impacto no comércio, em todos os serviços, gera desemprego, afeta a indústria” disse em sua palestra. Perda do plano de saúde familiar Ao falar para o público, Wallace Ouverney, diretor de formação política do Sindipetro, chamou atenção para o impacto das mudanças na saúde pública e no Sistema Único de Saúde-SUS. “Veja a questão dos terceirizados, eles estão perdendo o plano de saúde para os seus dependentes. Isso vai afetar a saúde local. Esse pessoal que, ao longo desses três anos, teve uma perda salarial dentro da Petrobras em média de 60%, vai acabar procurando o SUS, clínicas podem fechar, médicos já falam em sair de São Mateus”. Números De acordo com Wallace, a Base 61 funciona, hoje, com 40 trabalhadores próprios, mais 120 dependentes, que totalizam 160 pessoas. No setor privado: 200 trabalhadores, mais 600 dependentes, que totalizam 800 pessoas. “Em toda a base terrestre de São Mateus a gente tem 100 trabalhadores próprios, mais 300 dependentes, totalizando 400 pessoas, 500 terceirizados, mais 1500 dependentes, que totalizam 2000 pessoas. Ou seja 1.500 pessoas perderam o plano de saúde, isso vai impactar sim o SUS”, concluiu. O sindicato se mostrou preocupado com a demissão de terceirizados e também com o movimento de transferência de profissionais que deverá ser iniciado. Os representantes do Sindipetro-ES alegam que a orientação da Petrobras foi no sentido de que cada um busque realocação. “Algumas pessoas pensam que os impactos vão ser só para os empregados da Petrobras e para os terceirizados. O impacto é na cidade toda, principalmente para o nosso comércio. Nós temos que fazer um grande movimento”, disse Eneas Zanelato, presidente do Diretório Municipal do PT. “Estou aqui em nome dos terceirizados da Petrobras para a gente se juntar e poder mudar essa situação”, disse Fábio Ruelles. “A gente precisa repensar e reorganizar as forças. Esse tem que ser um trabalho permanente de conscientização. Com certeza, a esperança precisa vencer o medo. ”, afirmou Paulo Chagas. Encaminhamentos Criar a Frente em Defesa da Petrobras; Incluir na mobilização a Assembleia Legislativa, o Executivo Municipal, Bancada Capixaba em Brasília e Governador; Fazer carta aberta assinada pela Câmara e Sindipetro, informando à população sobre o resultado da audiência com veiculação no rádio.